17.6.06

15.6.06

A emancipação do medo

A emancipação do medo

Na luz vazia de medo procurei o teu olhar. E quando o vi, cintilante, encontrei o caminho de regresso à superfície. A estrada trouxe-me a este lugar. Invariavelmente acabaria por chegar a qualquer parte.
O teu olhar que não se acalma tenta abraçar o mundo. Deixa o mundo para alguém que há-de chegar a seu tempo.. Sei que estás por trás de mim, e sinto o teu coração a latejar. Impaciente por voltar aos lugares que não pisaste, ao princípio do mundo onde mora a tua força. Deixa o mundo para alguém que há-de chegar em breve.. Ou para os outros que não chegam e lá se aguentam estirados. Não sou egoísta, mas descansa o teu sorriso sobre nós. Sente a dissolução do espaço e abraça-me agora. Para que eu, por um segundo, me abrace a mim mesma.
Na luz vazia de medo encontrei o teu olhar..
Ontem, perdi-te no crepúsculo. Procurei-te em desespero. Enquanto isso, alguém cravava no horizonte um punhal de fogo ardente, e o mar inflamou-se no seu baptismo guerreiro. Laivos cor de laranja desceram sobre mim. A noite veio mansamente e abraçou o mundo inteiro.
Hoje encontrei-te ao amanhecer.

Entre nós a noite escura reencontrou o seu lugar.
E o medo, gotejante em poças de lama e de sangue, escorreu pelos poros da terra.