12.9.06

as palavras

E depois de tudo, a escuridão.
E eu escrevo letras e palavras e frases. Penso letras, escrevo palavras, respiro, bebo, perco-me nelas. Afogo-me em palavras para esquecer o vazio deixado pela tua ausência, pelo teu lugar vago em mim, abismo profundo para onde resvalo e agonizo. A tua ausência é dura, é fria, é cortante. Dói e tortura. Como pedra, como gelo, como um punhal que se crava fundo na carne, no peito, num golpe desferido por qualquer mão invisível. Sem correr sangue. Não sinto a dor, não vejo sangue, mas vejo a dor que dança à minha volta e sinto o sangue que corre célere nas veias.
Corre a mão sobre o papel, desliza a caneta, escorre a tinta sem atrito. São letras, linhas, curvas, arabescos que talvez signifiquem alguma coisa. Talvez nasçam de uma imagem, ou de duas ou de infinitas imagens coloridas. Talvez sejam fotografias, a preto e branco, a cores, ou polaroids amareladas. Talvez esboços a carvão ou frescos ou quadros pintados a acrílico. Ou pintados a pastel, ou aguarelas. Talvez sejam colagens ou retratos ou paisagens ou quadros abstratos. E sejam pinturas rupestres das cavernas, ou planos em perspectiva.
Talvez as palavras abarquem múltiplos sentidos e imagens e tenham significados ambíguos e difusos. Ou talvez não signifiquem nada. Não foquem nada, não abarquem nada, não contenham nada em si para cá do infinito. E sejam apenas letras, linhas, curvas, arabescos que nascem da ponta da caneta que escorre tinta pelo papel amarelado.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

resumidamente resumi o resumido
longas frases pra pequenas foram
verbos dificeis simples ficaram
palavras palha agora directas objectivas
discursos indirectos a directos
metaforas desmascaradas
hiperboles crediveis as meti
resumidamente resumi o resumido
e escrevi o grande em curto
de poucoas letras e mtas historias
palavras reescritas ficaram

11:41 da tarde  

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